segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso."

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Você chegou, fez o seu teatro, apresentou a sua peça, e no final,decepcionou o protagonista. O público chorou, e eu também. Por que não existe dor no mundo pior que se sentir especial para alguém em um dia, e noutro perceber que tudo foi uma grande ilusão. E agora, depois de tudo, eu te digo: Eu me senti assim. Doeu, doeu muito. Principalmente quando eu achava que estava te esquecendo, e algo me fazia te lembrar. Ou quando eu imaginava um pedacinho de você em cada pessoa que passava por mim. Mas a culpa não foi tua. O erro que foi meu, desde do princípio conhecendo o roteiro, eu sempre insistia em colocar a mesma peça em cartaz.

domingo, 14 de outubro de 2012

Não sei o que eu sinto. Não é nojo. Não é raiva. Não é desprezo. Não é tristeza. É inconformismo. Não me conformo que mudei todos meus planos. Eu ainda ia me casar com você e brigar pelas cores da cortina. Merda. Tão bonito, tão misterioso, atraente, o jeito perfeito. Friamente romântico, depois conheci a parte do cinismo e você ainda é minha fantasia sexual. Nojento. Ainda sinto vontade de te ligar. Sua voz ainda é a melhor melodia.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os dois seguem a vida normalmente. Fazem suas coisas, se divertem, dão risada com os amigos, saem com outras pessoas e de vez em quando ficam com elas. Mas no final do dia, quando deitam na cama, sempre estão pensando um no outro. Ela se pergunta com quem ele está e se ainda lembra dela. Ele tenta adivinhar no que ela pensa e se nesses pensamentos ele está incluído. Não respondem a pergunta "o que aconteceu com vocês dois?" e apenas balançam a cabeça para a afirmação "vocês eram perfeitos juntos". Parece que esqueceram, mas uma parte deles, mesmo que sem querer, ainda acredita no velho "nós".

sábado, 24 de setembro de 2011


O outro, outra vez. A voz do outro, a respiração do outro, a saudade do outro, o silêncio do outro. Por mais três dias então, cada um em uma ponta da cidade, arquitetaram fugas inverossímeis. O trânsito, a chuva, o calor, o sono, o cansaço. O medo, não. O medo não diziam. Deixavam-se recados truncados pelas máquinas, ao reconhecer a voz um do outro atendiam súbitos em pleno bip ou deixavam o telefone tocar e tocar sem atender. Sim, afligia muito querer e não ter. Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração.
"Ela lembrava. Ninguém sabia, mas ela lembrava. De cada sorriso, de cada palavra, de cada olhar, de cada abraço. Não devia, mas ela lembrava de tudo que havia acontecido entre os dois, como quem quer que aconteça de novo."

Zé, que saudade da gente no sofá. Do calor do teu abraço. Que saudade de você.